Educação para a Sexualidade

” Educação para a Sexualidade Uma urgente necessidade nacional”

Educação para a Sexualidade

Uma urgente necessidade nacional

mcaetano

Prof. Doutor J. Machado Caetano

     A sexualidade é uma parte integrante da vida de cada indivíduo que contribui para a sua identidade ao longo de toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico. A sexualidade como refere a OMS é “Uma energia que nos motiva a procurar Amor, contacto, ternura, intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos tocamos e somos tocados; É ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções, e por isso influência também a nossa Saúde física e mental.” A sexualidade invadiu os media, é campo de análise científica e deveria ser objectivo da política governamental nas áreas da saúde, da educação, da juventude e da condição feminina. A sexualidade adquiriu valor próprio, é uma componente positiva do desenvolvimento pessoal ao longo de toda a vida e as suas expressões contribuem para o bem-estar pessoal e relacional e não só para a reprodução.

Os jovens dos dois sexos são vítimas de várias situações de sofrimento designadas sob o título de Emergência Infantil, onde se destacam a pobreza, o trabalho infantil, a iliteracia, abuso sexual, e infecção por agentes das DST, em especial o VIH. Relativamente à SIDA, mais de 50% das infecções ocorre entre os 10 e os 24 anos, referindo a ONUSIDA que 1/3 dos cerca de 35 milhões de infectados são jovens. A SIDA continua a não ter cura, nem vacina preventiva, razões pelas quais a prevenção útil só é possível pela Educação. A Educação para a Sexualidade é uma parte da Educação Cívica, que permite contribuir para uma vivência mais informada, mais gratificante, logo, mais responsável da sexualidade. No fundo a educação para a sexualidade é sobretudo a educação da afectividade, e os seus principais responsáveis deverão ser os Pais e outros familiares e os educadores. Num país como Portugal, que tem na União Europeia um dos primeiros lugares na incidência da SIDA, Toxicodependência, Alcoolismo, Gravidez não desejada da adolescente, Tuberculose, etc., a Educação para a Sexualidade não é só necessária mas também é indispensável e urgente!

Aos jovens têm que ser dadas todas as condições educacionais para, em liberdade, escolher os comportamentos mais saudáveis de molde a evitar as dependências, a gravidez não desejada, as DST em geral e a SIDA em particular, bem como para se defender de todas as formas de violência sexual e coerção. A realidade que importa sublinhar é que a informação sexual e reprodutiva não promove a promiscuidade nem o início precoce da actividade sexual mas, antes pelo contrário, contribui para elevado nível de abstinência, um início mais tardio da actividade sexual, maior uso da contracepção e um menor número de parceiros sexuais. A educação da sexualidade envolve várias áreas, designadamente o crescimento humano, o desenvolvimento e comportamentos ao longo da vida, as relações humanas, a auto-estima, o desenvolvimento da personalidade, a dinâmica de grupos e a tomada de decisões, conduzindo os jovens à discussão dos sentimentos e dos valores, da ética, das relações interpessoais e das decisões relacionadas com o género. É imprescindível ter como objectivos o reconhecimento da sexualidade como uma componente positiva de realização pessoal, valorizando as suas diferentes expressões ao longo da vida, tendo sempre presente o respeito pela “outra” pessoa, promovendo-se a igualdade de direitos e oportunidades dos dois sexos, o respeito à diferença, a importância da comunicação e o reconhecimento do direito a uma maternidade/paternidade livres e responsáveis. Acima de tudo a Família, a Escola e a Comunidade não podem perder mais tempo e de modo multidisciplinar devem proporcionar Educação Cívica, para a Saúde e para a Sexualidade a todos os jovens. Os Pais e Educadores devem oferecer aos Jovens Bons Exemplos e desenvolver neles aAutoconfiança, Sentimentos positivos sobre o sexo, Oportunidade para tomar decisões,Confiança nos outros e o Sentimento de que, sendo diferentes, são normais… , tudo isto impregnado de uma informação transparente e conhecimentos, “temperados” num bom projecto educacional em que o afecto e a confiança são fundamentais.

É indispensável reconhecer e ultrapassar as múltiplas dificuldades à vista, sublinhando ainda que não se conseguirão obter resultados válidos na Educação Cívica e para a Sexualidade, sem uma melhoria socioeconómica, cultural e educacional de toda a população.

in http://www.fpccsida.org.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=134&Itemid=206

 

“Ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa”

“Ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa”, diz psicanalista

Vladimir Maluf
Do UOL, em São Paulo

08/12/201207h54

A psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, autora do recém-lançado "O Livro do Amor"

  • A psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, autora do recém-lançado “O Livro do Amor”

Você sente calafrios só de pensar que não tem domínio sobre a vida sexual do seu parceiro ou parceira? Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico.

“É comum alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado”, afirma ela, que lançou recentemente  “O Livro do amor” (Ed. Best Seller). Dividida em dois volumes (“Da Pré-História à Renascença” e “Do Iluminismo à Atualidade”), a obra traz a trajetória do amor e do sexo no Ocidente da Pré-História ao século 21 e exigiu cinco anos de pesquisas.

Regina, que é consultora do programa “Amor & Sexo”, apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: “Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem”, diz ela. Leia a entrevista concedida pela psicanalista ao UOL Comportamento.

UOL Comportamento: Na sua pesquisa para escrever “O Livro do Amor”, o que você encontrou de mais bonito e de mais feio sobre o amor?
Regina Navarro Lins: Embora “O Livro do Amor” não trate do amor pela humanidade, e sim do amor que pode existir entre um homem e uma mulher, ou entre dois homens ou duas mulheres, a primeira manifestação de amor humano é muito interessante. Ela ocorreu há aproximadamente 50 mil anos, quando passaram a enterrar os mortos –coisa que não ocorria até então– e a ornamentar os túmulos com flores. O que encontrei de mais feio no amor foi a opressão da mulher e a repressão da sexualidade.

UOL Comportamento: Como você imagina a humanidade na segunda metade deste século?
Regina: Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.
UOL Comportamento: Você fala sobre as mentiras do amor romântico. Quais são elas?
Regina: O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. O amor romântico, que só entrou no casamento a partir do século 20, e pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro (é por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar); que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém.
  • Divulgação“O Livro do Amor” (ed. Best Seller) é dividido em dois volumes: “Da Pré-História à Renascença” e “Do Iluminismo à Atualidade”
A questão é que ele não se sustenta na convivência cotidiana, porque você é obrigado a enxergar o outro com aspectos que lhe desagradam. Não dá mais para manter a idealização. Aí surge o desencanto, o ressentimento e a mágoa.UOL Comportamento:  Por que você diz que o amor romântico está dando sinais de sair de cena?
Regina: A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.

O amor romântico propõe o oposto disso, pois prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser atraente. Ao sair de cena está levando sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de cada vez.

UOL Comportamento: E como fica o casamento?
Regina: É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado.
UOL Comportamento: Só de pensar na possibilidade de ter um relacionamento em que a monogamia não é uma regra, muitos casais têm calafrios. Por que?
Regina: Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. W.Reich [psicanalista austríaco] afirma que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual.Pesquisando o que estudiosos do tema pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois. Não li em quase nenhum lugar o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas gostam de variar. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.

A exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for “sim” para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas.
UOL Comportamento: Como as pessoas poderiam viver melhor no amor e no sexo?
Regina: Para haver chance de se viver a dois sem tantas limitações, homens e mulheres precisam efetuar grandes mudanças na maneira de pensar e de viver.Acredito que para uma relação a dois valer a pena, alguns fatores são primordiais: total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas; nenhuma possessividade ou manifestação de ciúme que possa limitar a vida do parceiro; poder ter amigos e programas em separado; nenhum controle da vida sexual do parceiro, mesmo porque é um assunto que só diz respeito à própria pessoa.

Poucos concordam com essas ideias, pois é comum se alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado. A questão é que não é tão simples. Para viver bem é preciso ter coragem.

“No futuro, o que irá determinar a orientação sexual de uma pessoa será seu envolvimento sentimental”

Flávio Gikovate: “No futuro, o que irá determinar a orientação sexual de uma pessoa será seu envolvimento sentimental”

Em seu novo livro, que será lançado nesta segunda-feira (8), o psiquiatra propõe uma vida sexual sem cobranças e sem rótulos. Para ele, o importante é trazer o sexo para o domínio do amor, independentemente de qual gênero o parceiro seja

DANILO CASALETTI

Flávio Gikovate (Foto: Renato Stockler/Divulgação)
Gikovate: “Qualquer tipo de repressão é sempre desinteressante” (Foto: Renato Stockler/Divulgação)

Você é heterossexual? Ou homossexual? Considera-se bissexual? A sexualidade humana norteia-se por esses e outros “rótulos”. Definições que, para o médico psiquiatra Flávio Gikovate, podem interferir na vida sexual das pessoas, além de reforçar preconceitos. Em seu novo livro, Sexualidade sem fronteiras (MG Editora, 136 páginas, R$37,60), Gikovate propõe o fim desses termos (hétero, homo ou bi). O ideal, segundo ele, é falar apenas em sexualidade.

“As pessoas que vivem verdadeiramente de acordo com a sexualidade não têm compromisso com seu passado sexual e podem se movimentar dentro do espectro das possibilidades da sexualidade de modo livre e isento”, diz o psiquiatra. O que significa que, para Gikovate, as pessoas podem, ao longo da vida, relacionar-se com pessoas do sexo aposto ou do mesmo sexo, de acordo com seus desejos. Em entrevista a ÉPOCA, Gikovate fala sobre a teoria que apresenta em seu livro e afirma que nela pode estar a chave para o fim do preconceito e para a experiência do encantamento do amor.

ÉPOCA – No livro, o senhor propõe o fim de uma orientação sexual definitiva, o que, a seu ver, tornaria mais fácil uma pessoa transitar entre seus desejos, sem ser rotulada. Seria uma nova revolução sexual? Ela já está em curso?
Flávio Gikovate –
 São os primeiros movimentos ainda, mas essa revolução está em curso. O caminho é longo. Falta a liberdade de exercer o ato sexual de forma lúdica e totalmente desprovida de preocupação com a performance e o desejo de impressionar o parceiro. Falta também entender que o sexo é muito mais rico e gratificante quando vivenciado no contexto de uma relação amorosa de boa qualidade, fundada em afinidades de caráter, gostos e interesses. Uma relação mais parecida com a amizade. Sei que isso ainda é um tanto difícil para a maioria, pois, quando existem essas afinidades, muitas vezes o sexo se mostra menos exuberante. Trazer o sexo para o domínio do amor, desfazendo a tradicional aliança com a agressividade, é um dos grandes desafios da atualidade, independentemente de qual gênero seja o parceiro.

ÉPOCA – Todo mundo pode se sentir atraído por uma pessoa do mesmo sexo ou desejar pessoas de ambos os sexos?
Gikovate –
 As pessoas que vivem verdadeiramente de acordo com a sexualidade não têm compromisso com seu passado sexual e podem se movimentar dentro do espectro das possibilidades da sexualidade de modo livre e isento de qualquer norma ou preconceito. Elas vão se fixar em um determinado território, tanto em função de suas convicções e deliberações racionais quanto em decorrência de outro impulso que, na prática, se sobrepõe ao erótico: o encantamento amoroso de ótima qualidade.

ÉPOCA – Haverá sempre uma escolha principal?
Gikovate –
 O sexo é um fenômeno pessoal, auto-erótico. Em suas manifestações mais tradicionalmente masculinas está associado à agressividade (até por razões de procriação). Não são raros os casos em que a escolha do parceiro se dá pela via do desejo sexual e aqueles que assim procederem tenderão a escolher em função dessa associação (heterossexuais norteados pelo desejo têm mais raiva das mulheres – e são amigos dos homens – enquanto que a maioria dos homossexuais tem mais raiva dos homens e são amigos das mulheres). No futuro, o que irá determinar a orientação sexual de uma pessoa será seu envolvimento sentimental. Será homossexual ou heterossexual, conforme a rota do amor. E isso poderá mudar quando se alterar o parceiro sentimental.

ÉPOCA – Há quem opte por sublimar o desejo por pessoas do mesmo sexo. Acha essa prática aconselhável?
Gikovate 
– Qualquer tipo de repressão é sempre desinteressante. A pessoa pode muito bem sentir todo tipo de desejo ou vontade de natureza erótica e ter sua prática determinada por suas convicções. Um indivíduo pode sentir vontade de frequentar um travesti, por exemplo, se excitar com essa ideia, se masturbar por meio dessa fantasia, e jamais colocá-la em prática. Não vejo problema algum nisso, posto que o sexo, quando não acoplado ao amor, é fenômeno essencialmente pessoal e as condutas são decididas por cada um.

ÉPOCA – Na sua proposta, como fica a questão do sentimento versus desejo? Qual a diferença entre gostar de uma pessoa do mesmo sexo e se relacionar sexualmente com uma pessoa do mesmo sexo?
Gikovate –
 Nesse processo de evolução, é fundamental separar amor de sexo, entender que o desejo (principalmente visual e masculino) é diferente de excitação (mais voltado para dentro, enquanto que o desejo é dirigido para fora: desejo de algo ou de alguém). As trocas de carícias que são próprias do clima lúdico e governadas pela excitação podem se dar independentemente do gênero do parceiro. Muitas pessoas têm práticas sexuais com parceiros de ambos os sexos – aliás, é curioso observar que a bissexualidade é um dos aspectos da sexualidade menos estudada – enquanto que o envolvimento sentimental acontece sempre com uma pessoa especial, independente do gênero.

ÉPOCA – No livro, o senhor diz que evoluímos rapidamente para um mundo com uma educação unissex. No entanto, continuamos a presenciar atos e manifestações preconceituosas ou homofóbicas. Como uma pessoa mais livre sexualmente deve lidar com isso?
Gikovate –
 É um comportamento próximo de como vivem as mulheres atualmente. Elas são mais livres para experimentar as trocas de carícias eróticas com outras mulheres sem que se sintam estigmatizadas, sem que coloquem em dúvida sua feminilidade. O meu livro é um discurso contra o preconceito em geral e, em particular, contra aqueles que dizem respeito à questão sexual. O mundo do futuro não deverá ser governado por eles. Heterossexuais poderão vir a ter parceiros sentimentais e sexuais do mesmo sexo e também homossexuais poderão vir a ter parceiros sentimentais e sexuais do sexo oposto.

ÉPOCA – Há religiões que prometem a “cura” para a homossexualidade. Existem, também, pais que buscam psicólogos ou psiquiatras em busca dessa “cura” para os filhos. O que o senhor pensa sobre isso?
Gikovate 
– Sou um médico com 46 anos de experiência clínica. Digo que, nesse assunto, como de resto em todos os outros temas da minha especialidade, o papel do terapeuta é o de ajudar aqueles que o procuram a realizar seus anseios e conseguir alcançar seus ideais. Assim, não se ajuda um indivíduo a realizar o sonho de seus pais. Só se trabalha com o tema da sexualidade quando é essa a vontade explícita e expressa do paciente. O ponto de vista da religião e das famílias não deve interferir nos atos médicos quando eles dizem respeito a pessoas que estão em pleno juízo. Assim, os projetos terapêuticos são construídos em comum acordo entre o médico e o paciente.

ÉPOCA – As religiões, de certa maneira, também influenciam na sexualidade das pessoas?
Gikovate –
 Não creio que interfiram mais do que o papel, bem conhecido, de exercerem uma postura repressora de toda prática sexual que não seja diretamente relacionada com o matrimônio e, em especial, a reprodução.

in http://revistaepoca.globo.com//Sociedade/noticia/2013/04/flavio-gikovate-no-futuro-o-que-ira-determinar-orientacao-sexual-de-uma-pessoa-sera-seu-envolvimento-sentimental.html

Belas, ricas e casadas

Carta Fundamental

Tory Oliveira

Educação Infantil

14.04.2013 07:25

Belas, ricas e casadas

O que é preciso para ser uma princesa? A antropóloga Michele Escoura fez essa pergunta para meninos e meninas de duas escolas públicas e uma particular do interior de São Paulo. As respostas dos 200 alunos de 5 anos reuniram as seguintes características: ser jovem, bonita, magra, possuir joias e vestidos e casar-se com um príncipe. O objetivo da pesquisa era entender como as princesas de duas animações da Disney influenciavam a visão de feminilidade de meninos e meninas da pré-escola.

 A antropóloga Michele Escoura

A antropóloga Michele Escoura

As reações das crianças diante de duas histórias centradas em protagonistas femininas – Cinderela (1950) e Mulan (1998) – mostraram que a ideia de “princesa” para elas está associada a obter sucesso no amor romântico e possuir beleza tradicional. “Esse ideal de feminilidade está presente na sociedade como um todo, e as princesas da Disney traduzem isso para essa faixa etária”, analisa Michele.

Os primeiros passos para a pesquisa foram dados ainda durante a graduação em Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista (Unesp), quando a antropóloga passou a se interessar pelo campo dos estudos de gênero. Fundada na década de 1960, a área procura investigar como a sociedade influencia na construção da masculinidade e da feminilidade. Partindo desse pressuposto, Michele passou a investigar a primeira infância. “Quando comecei a entrar em contato com as crianças, percebi que Cinderela era uma referência muito presente no cotidiano das meninas, que falavam sobre a personagem e tinham muitos produtos”, relata.

A popularidade da personagem, criada na década de 1950, intrigou a antropóloga, que resolveu estudar o que o filme poderia estar ensinando para as meninas. No entanto, uma das razões encontradas para o sucesso de Cinderela é comercial. A personagem faz parte da marca “Princesas Disney”, criada em 2000 com o objetivo de licenciar a imagem de personagens específicas para diversos tipos de produto. “As crianças conhecem as personagens pelos produtos e só depois buscam os filmes”, conta.

A pesquisa se ampliou durante o mestrado na Universidade de São Paulo, quando Michele passou a analisar o que os pequenos entendiam e aprendiam com as personagens. Na época, a Disney dividia as princesas entre “clássicas” e “rebeldes”. Do lado clássico ficavam personagens como Cinderela, Branca de Neve e Bela Adormecida. Já Ariel (A Pequena Sereia), Jasmin (Aladin) e Mulan foram classificadas como rebeldes. Por causa da divisão, Michele delimitou o estudo a duas obras de animação, cada uma com um tipo de princesa. A primeira é Cinderela, clássico adaptado do francês Charles Perrault, sobre a menina bondosa impedida de ir ao baile real pela madrasta malvada e que é ajudada por uma fada madrinha e reconhecida pelo príncipe encantado por meio de seu sapatinho de cristal. O outro filme é Mulan, animação de 1998 protagonizada por uma jovem corajosa que se traveste de homem para representar sua família no exército da China.

Jovens e loiras
Entre 2009 e 2011, Michele passou a frequentar as salas de aula de cada escola ao longo de quatro meses, três vezes por semana. A pesquisadora assistiu aos dois filmes com crianças de três escolas nas cidades de Marília e Jundiaí, no estado de São Paulo. Durante as sessões, anotava os comentários feitos espontaneamente pelos alunos e, após os filmes, pedia que as crianças desenhassem a parte de que mais gostaram e explicassem o porquê. “Ficou claro que Mulan, ao contrário de Cinderela, não era considerada uma princesa”, conta Michele. Algumas crianças afirmaram que Mulan não era uma princesa porque a chinesa não chegava a se casar no fim da história – apenas é sugerido um encontro com seu par romântico.

Uma menina discordou e reconheceu Mulan como princesa, mas desenhou a personagem, dona de traços orientais e cabelo escuro, com o cabelo amarelo, loiro. “As crianças já compreendem que o padrão de beleza mais valorizado é esse”, afirma Michele.

A posse de joias, coroas e vestidos também foi apontada pelos pequenos como a marca que caracterizava uma princesa, assim como a juventude. A antropóloga explica que esse ideal de beleza está presente não só nas princesas da Disney, mas também em novelas, revistas femininas e na mídia de modo geral. “O risco é as crianças só terem contato com um único referencial de beleza e feminilidade. Precisamos valorizar e dar importância para outros tipos de feminilidade.”

Para Michele, as princesas estão mudando conforme novas personagens femininas ganham características diferentes em filmes mais recentes. “A Disney acompanha essa transformação social que amplia o papel da mulher”, analisa. A antropóloga acredita, porém, que há espaço para mudanças ainda maiores. “Mulan é uma heroína corajosa, mas que ainda mantém traços de feminilidade arraigados, como a centralidade na beleza e no amor romântico. Será que não podemos avançar mais?”

in http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/belas-ricas-e-casadas/

Como os filmes ensinam masculinidade – Colin Stokes no TEDxBeaconStreet

Webinar: O Bullying e Cyberbullying: a escola como espaço de prevenção

Diálogos sobre a educação sexual na escola:experiências de formação de professores(as)

Transmitido ao vivo em 04/12/2012 por 

A realização desta série de webinares — WebEducaçãoSexual — teve como objetivo apresentar experiências relevantes vivenciadas pelas professoras convidadas no domínio da formação de professores em Educação Sexual e, a partir destes relatos e das perguntas que forem colocadas pelos/as professores/as participantes, abrir um espaço de reflexão e de problematização sobre a temática em estudo.

LGBT: “Tudo Vai Melhorar” para os jovens portugueses

Por Liliana Pinho – jpn@c2com.up.pt
Publicado: 04.12.2012 | 16:48 (GMT)

Movimento de apoio aos jovens homossexuais vítimas de bullying chegou a Portugal e já conquistou o apoio de vários jovens portugueses.

“Era uma vez um rapaz que era constantemente vitimado e abusado, tanto nas ruas como na escola (…) simplesmente por ser diferente. Esse rapaz era eu”, começa Fábio Mesquita. Uma história que começa mal, mas que teve um final feliz. “Tive de acreditar em mim e tu tens de acreditar em ti, ser tu próprio”, diz o jovem. “Porque ser diferente é bom”.

Uma história feliz é também a de Jorge e João. Estão juntos há dois anos e dizem ser o exemplo “de que há luz ao fundo do túnel”. “Tentem mostrar à sociedade, através de atos de amor, que são felizes”, incentivam.

Os testemunhos de Fábio, Jorge e João querem servir de exemplo e apoio aos jovens portugueses homossexuais, bissexuais ou transgéneros vítimas de discriminação. O movimento “Tudo vai Melhorar” chegou a Portugal no passado mês de novembro, mas nasceu em 2010 nos Estados Unidos, quando Dan Savage – jornalista e ativista – e Terry Miller publicaram online um vídeo com o mesmo propósito. A frase “It gets better” [tudo vai melhorar], repetida pelo casal, deu origem ao movimento com o mesmo nome, que depressa alcançou um reconhecimento internacional.

“As pessoas precisam dizer o que são sem ter receio”

Estatísticas

Segundo dados do projeto, um em cada quatro jovens não heterossexual já tentou o suicídio, 42% dos jovens LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) afirmam terem sido vítimas de bullying homofóbico. 85% dos jovens afirmam já ter ouvido comentários homofóbicos, tais como “bicha”, “gay”, “fufa” ou “maricas”. Nos EUA, o movimento reuniu mais de 30 mil vídeos, de nomes como Barack Obama, Neil Patrick Harri, Ellen DeGeneres ou Adam Lambert e ainda das equipas de empresas como o Facebook, Google, Apple ou Pixar.

O mote chegou a países de todo o mundo, inclusive Portugal, através da associação CASA (Centro Avançado de Sexualidade e Afectos). “Tudo Vai Melhorar” foi lançado oficialmente no dia 10 e já conta com cerca de 30 testemunhos, entre eles o de José Castelo Branco. “Quem são os outros para julgar?”, pergunta.

Luís Cerqueira tem 18 anos e também quis deixar a sua palavra de apoio. Acredita que “a aceitação cresceu”, assim como o respeito pelas escolhas dos outros. “Não há tanto a temer”, diz, “as pessoas precisam dizer o que são” – “sem ter receio”. Já Maria da Luz e Jorge Gil são um casal de meia-idade, avós, que querem incentivar todos os jovens do país que já foram vítimas a pedirem ajuda. E deixam um alerta: desengane-se quem acha que é uma doença”.

Carina Fernandes é a psicóloga do projeto e quer mostrar aos jovens discriminados que “não estão sozinhos”. “O caminho é longo, mas tudo começa pelo primeiro passo”, sublinha. Para isso, todos podem ajudar: seja através da gravação de um vídeo de incentivo, do espalhar a mensagem ou até de donativos – que ajudam o movimento a ter recursos para campanhas de apoio e sensibilização.

Grupo de Estudos e Investigação em Sexualidade, Educação Sexual e TIC (GEISEXT)

O Grupo de Estudos e Investigação em Sexualidade, Educação Sexual e TIC – GEISEXT – foi criado em janeiro de 2010, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, com o objetivo de: estudar e investigar as temáticas da Sexualidade, Educação Sexual e Relações de Género, usando como possibilitadora as TIC para levar às escolas de educação infantil, básica e secundária, maneiras diferentes de atuar com a sexualidade na escola, após a lei nº 60/2009.

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Sexualidade, Higiene e Intimidade durante os séculos

Por Gabriel Barbosa Rossi,

Até olhar pelo buraco da fechadura, ninguém conhece ninguém na cama, até estar lá também. Agora, passando pelos vários anos de história da humanidade, podemos olhar pelo buraco da fechadura dos nossos antepassados, e descobrir como estes se relacionavam? De fechaduras propriamente ditas, não! Elas eram caras pra caramba e a maioria da população medieval era pobre. A não ser que queiramos falar de reis, imperadores e nobres. Mas, como na sua maioria, a vida sexual deles não era segredo pra ninguém, esses chatos que fiquem de lados. A privacidade do camponês é mais interessante. Então, já que não podemos olhar pelas fechaduras, olhemos rachaduras em muros e portas, bem como frestas e vãos.

Principalmente na colônias européias do século XV, algumas noções que temos hoje sobre sexualidade, higiene e intimidade são combatidas pelos padrões de comportamento europeu já estabelecido. Também cabe lembrar que a Europa “superou” esse mesmo problema, tendo em vista que séculos antes partilhavam das mesmas concepções que o “viver coletivo” traz.  Para início de conversa, privacidade não era um conceito pronto, privacidade é um conceito que surgiu no século XVIII, então, alguns anos antes, não havia problemas com ela, afinal, ela não existia. Mas não existia como conceito de regra e moral social. Não existir privacidade quer dizer que andar nu e dormir na mesma cama com várias pessoas (todas nus) é extremamente normal. Sendo assim, em 1718 “surge” a palavra PRIVADO, que significava: Uma pessoa que trata só de sua pessoa, de sua família e de seus interesses domésticos. Agora conhecemos PRIVADO por designar algo que pertence a uma particular pessoa.

Os hábitos de higiene: tendo em vista que a parte mais limpa era o PÉ, a higiene não era algo muito disseminado! Seja andando descalço ou calçado, o pé sempre “ganhava uma lavada”. Diferentemente do restante do corpo, que também ficava exposto durante o dia, mas não era tratado com tanta higiene. A própria cama e as casa, além de serem mal arejadas, não eram bem limpas e não existia esforço algum para que isso melhorasse. A higiene que hoje é associada ao prazer físico, difere de antes, onde a sujeira sempre esteve mais presente que a limpeza. No Brasil colonial, a parte da higiene íntima, o “cheiro de mulher” agradava mais que qualquer coisa. O cheiro feminino era tido como o ápice do erotismo e, se uma mulher lavasse suas partes intimas antes do ato sexual, era tida como uma ruptura sexual. Era necessário um equilíbrio de odores para o erotismo.

Gregório de Matos, o Boca do Inferno, poeta baiano conhecido por suas obscenidades, criticava o ato de lavar-se da mulher, e dizia que então, se fosse assim, qualquer mulher poderia lavar-se, já que agora virou moda. Onde dizia “Lavai-vos, minha Babu, cada vez que vós quiseres, já que aqui são as mulheres lavadeiras do seu … (encontrem a rima para Bambu):

“Lavai-vos quando os sujeis
E Porque vos fique o ensaio
Depois de foder lavai-o
Mas antes não o laveis”

Relatos dizem que tais odores ainda mantinham afastados mosquitos, baratas, moscas. Dejetos só eram removidos uma vez por semana. Não era um ambiente muito propício a relações sexuais, não como conhecemos hoje – se bem que tem gente, que né? -, naquela época, já bastava. A noção de intimidade do século XVI não tem nada a ver com a que temos hoje, do século XXI.

A Igreja foi responsável por acabar com tudo isso. Os jesuítas vieram com seus conceitos europeus, refreando principalmente a questão do desejo, cobrindo o corpo da mulher e trazendo o império da higiene, tentando pelo menos modificar a aparência, melhorá-la, para aumentar a força do “pecado”. Portanto se a igreja não permite que a mulher seja bela, a cultura o fará, com o passar do tempo, mulheres que andavam nuas são “substituídas” por mulheres cobertas, fazendo com que agora, qualquer tornozelo ou pescoço seja motivo de erotismo.

Sinal de deturpação através dos tempos é de que a história é cíclica, antes as mulheres andavam nuas e era necessário mais que isso para reações eróticas. Com o tempo a igreja proíbe isso e, qualquer pele à mostra no século XIX era pra deixar um homem louco. Hoje “voltamos no tempo”, a questão do seminu retornou, assim como nas colônias do século XV, agora é necessário mais do que muita pele para o erotismo propriamente dito. Ou seja, o erotismo, como tantos outros conceitos da História, não é permanente, alterando-se conforme o contexto e a imposição social.

Espero que tenham gostado. Não esqueçam de curtir/compartilhar e claro, participar da discussão.

 

in http://literatortura.com/2012/11/29/sexualidade-higiene-e-intimidade-durante-os-seculos/

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